Cranioestenose coronal

A cranioestenose coronal pode determinar importantes alterações na face, nos olhos e na região frontal do crânio da criança.

A cranioestenose coronal é uma anormalidade craniana que ocorre pela fusão antecipada de uma sutura craniana denominada sutura coronal. Ela é a segunda forma mais comum de cranioestenose. Quando uma sutura coronal é fusionada, chamamos de cranioestenose coronal unilateral (ou plagiocefalia anterior). Quando os dois lados são envolvidos, chamamos de cranioestenose bicoronal (ou braquicefalia). Para maiores informações acerca do crânio normal da criança, consultar: O crânio da criança.

A sutura coronal do recém-nascido é composta por tecido fibro-elástico, que é maleável e permite o crescimento do crânio à medida que o bebê se desenvolve e aumenta o seu volume cerebral. Cada sutura craniana (sagital, metópica, coronais, lambdóideas) possui um tempo estimado em que a sua fusão se completa. A sutura coronal demora para se fundir, completando sua fusão na segunda década de vida.

Crânio em de uma criança de 12 meses. Verificamos as suturas e a fontanela anterior.

Como a maior parte do volume cerebral da criança é estabelecido por volta de 12-18 meses de vida, quando uma sutura se fecha antes do momento ideal, pode ocorrer alteração no formato craniano. No caso da cranioestenose coronal, ocorre uma restrição do desenvolvimento ósseo anterior e posterior ao lado da sutura fusionada, interferindo no formato supra-orbitário e facial o que confere um aspecto que denominamos “olhos de arlequim” (elevação do teto orbitário, órbita rasa).

Crânio de uma criança com a sutura coronal direita fusionada. Observe a alteração óssea frontal: “olhos de arlequim”.

Além da alteração do formato do crânio e da sua estética, pode haver comprometimento neurológico, uma vez que o volume cerebral pode ficar comprimido em função da mudança do crescimento ósseo.

Crânio em de uma criança com a sutura coronal esquerda fusionada. Observe a retração do teto orbitário e a assimetria frontal.
Crânio em de uma criança com as suturas coronais fusionadas – cranioestenose bicoronal (braquicefalia).

Em caso de alguma suspeita de anormalidade nas suturas ou fontanelas, a criança precisa ser avaliada por especialista, pois através da palpação da fontanela pode-se estimar se há algum indício de hipertensão intracraniana, pela análise do formato do crânio permite-se inferir se alguma sutura está fechada precocemente (cranioestenose) e através da presença de outros estigmas associados (como diferente posição das orelhas, formato assimétrico do posicionamento dos globos oculares, etc.) pode-se inferir a possibilidade de síndrome genética. A cranioestenose coronal pode estar associada à algumas síndromes, como Apert, Carpenter, Larsen, Roberts e com a alteração cromossômica trissomia do 21. Alguns exames de imagem são utilizados, como RX de crânio, tomografia de crânio com reconstrução 3D ou ressonância de crânio, nos quais se observa o comportamento das suturas e fontanelas.

O tratamento é cirúrgico e deve ser considerado preferencialmente dentro do primeiro ano de vida, momento em que o cérebro mais está em expansão e há maior progressão de crescimento ósseo. A cirurgia consiste em retirar as regiões estenosadas do crânio (craniectomia) e reconfigurar as demais porções ósseas para que o cérebro tenha espaço adequado para se desenvolver e para que o formato craniano seja adequado.

Saiba mais:

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Aviso: As informações expressas são apenas de caráter informativo. São baseadas em estudos científicos e experiência clínica. Os resultados não são necessariamente presentes em todos os indivíduos. Autotratamento não é recomendado. Para a melhor escolha do tratamento, é fundamental a consulta com o especialista.

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