É uma opção de tratamento paliativa que permite reduzir a frequência e a intensidade das crises. É considerada eficaz sobretudo para crises com foco frontal, com hipotonia e quedas.
O nervo vago (X nervo craniano) possui importante função à medida que estabelece conexão entre o tronco cerebral e o sistema viscero-sensitivo. A estimulação em sua passagem cervical trafega ao nível cerebral, através de aferência sensitiva, permitindo reduzir a difusão das crises epilépticas. Desta maneira, o efeito antiepiléptico é obtido pela modulação da atividade cerebral graças ao estímulo elétrico.
A cirurgia é realizada sob anestesia geral, através de duas pequenas incisões: uma cervical transversa à esquerda, para conectar os eletrodos ao nervo vago e outra próxima à axila esquerda, para acoplar o gerador de pulsos.
O seguimento é marcado por ajustes do pulso/intensidade/frequência, de acordo com a necessidade e a tolerância do paciente.
Os efeitos secundários ao estímulo resumem-se à modificação transitória da voz (geralmente percebida quando se opta por operar sem anestesia geral, com paciente consciente) ou parestesias na garganta, que são bem tolerados.
As complicações atreladas à cirurgia são raras, sobretudo infecção do material, que pode resultar na sua retirada e tratamento com antibióticos. Outras complicações possíveis são: infecção de pele, sangramento, mal funcionamento do gerador de pulsos e outras atreladas ao ato cirúrgico e anestésico.
Grandes séries demonstram que cerca de 50% dos pacientes respondem bem ao estimulador, com redução de ao menos 50% da frequência de crises (quando avaliados após um 1 ano da cirurgia). A maioria dos familiares relatam também uma melhora na qualidade de vida e no sono.
O tempo de duração estimado do gerador é de 5-8 anos, necessitando a sua troca através de nova cirurgia. Os modelos estão em constante evolução, possibilitando melhorias ao longo do tempo.
Saiba mais:
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Aviso: As informações expressas são apenas de caráter informativo. São baseadas em estudos científicos e experiência clínica. Os resultados não são necessariamente presentes em todos os indivíduos. Autotratamento não é recomendado. Para a melhor escolha do tratamento, é fundamental a consulta com o especialista.