Fratura osteoporótica de coluna

A osteoporose é a doença óssea mais comum. A fragilidade óssea que a osteoporose proporciona costuma levar às fraturas de coluna. As mulheres são as mais afetas e estima-se que a metade delas apresentam ao menos uma vértebra fraturada ao longo da vida.

Entendendo a osteoporose

A osteoporose é considerada uma doença sistêmica progressiva. Ela reduz a massa óssea e deteriora a sua microarquitetura, levando à fragilidade óssea e predispondo à fraturas.

Imagem micrográfica à esquerda revela uma vértebra normal de mulher de 31 anos. Verifica-se à direita uma vértebra osteoporótica de mulher de 89 anos: expressiva perda de arquitetura óssea trabecular, com microfraturas. Boyd A. Morphologic detail of aging bone in human vertebrae. Endocrine. 2002; 17:5-14. Disponível em Williams Texbook of Endocrinology, 12th edition. Metabolic Bone Disease.

A coluna osteoporótica

A coluna vertebral afetada pela osteoporose se torna frágil, com maior predisposição para fraturas.

Imagem de raio-X de coluna evidenciando achatamento dos corpos vertebrais (delimitados pelas marcações “PH”, “MH” e “AH”, que utilizamos para medir as alturas dos corpos vertebrais). Com a fratura do corpo vertebral, há redução de sua altura, predominantemente a anterior (AH), o que costuma determinar uma deformidade da coluna em Cifose.

As causas da osteoporose

As causas mais comuns podem ser dividas em primárias e secundárias. As primárias são representadas pela menopausa (período em que há déficit de estrogênio, aumentando o remodelamento ósseo) e pelo envelhecimento.

A osteoporose também pode ser secundária ao estilo de vida sedentário, tabagismo, etilismo, baixo peso, uso de certos medicamentos (corticoides, anticonvulsivantes), à baixa ingesta de cálcio e vitamina D e às doenças do metabolismo e genéticas (Fibrose cística, Osteogênese imperfecta, Marfan).

Os fatores de risco

Conhecendo as suas causas, sabemos das condições que estão associadas ao aumento da probabilidade em se desenvolver osteoporose, dentre elas:

  • Fratura osteoporótica prévia
  • Uso de glicocorticoides
  • História familiar de osteoporose
  • Baixo peso
  • Tabagismo e consumo de álcool
  • Imobilização prolongada
  • Baixa dieta de cálcio
  • Deficiência de vitamina D

Os sintomas

Apenas 1/3 dos pacientes com osteoporose apresentam algum sintoma. A dor lombar é o sintoma mais prevalente, seguido por sintomas musculares inespecíficos.

Quando existe uma fratura osteoporótica, o paciente costuma se apresentar com dor aguda na sintopia da fratura, como um “estalo” na coluna. Geralmente ela acontece durante uma atividade física, ao levantar peso, ao descer escada ou com uma queda. A dor costuma melhorar espontaneamente em algumas semanas, aliviando ao deitar e piorando ao se levantar ou com a mudança de postura, mas ela pode também persistir, denotando um comprometimento da estabilidade da coluna.

O diagnóstico

A densitometria óssea é um importante parâmetro para se detectar a presença da osteoporose ou à sua sucessora, a osteopenia. Através de seus escores podemos classificar, tratar e acompanhar a condição óssea. Associando os resultados da densitometria, com a idade e a história do paciente, podemos prosseguir para exames de imagem da coluna com vistas a se detectar fraturas.

Na hipótese de fratura de coluna, os exames de raio X, tomografia ou ressonância magnética poderão ser realizados.

No exemplo acima, verificamos no raio-X de coluna (A) e na ressonância de coluna (B), a presença de achatamento dos corpos vertebrais de T11 e L2 (setas pretas).

O tratamento

O tratamento costuma ser multifatorial e varia de conservador à cirúrgico.

A osteoporose é tratada com regularização do metabolismo do cálcio e vitamina D (reposição de cálcio, vitamina D), com inibidores da reabsorção óssea (bifosfonados – alendronato) e com medicamentos que atuem no metabolismo ósseo. O médico endocrinologista é o mais recomendado para o acompanhamento metabólico.

Após se identificar fratura vertebral recomenda-se um período de repouso, analgesia, uso de colete, além de orientações para prevenção de quedas. Controla-se o equilíbrio da coluna, através de exames de imagem, para verificar se a fratura está promovendo alguma deformidade.

Nos pacientes que são refratários ao tratamento conservador, permanecendo com dor e/ou evoluindo com deformidade da coluna, algumas opções cirúrgicas são levadas em consideração, tais como vertebroplastia/cifoplastia (preenchimento do corpo vertebral com substância polimetilmetacrilato, de modo à expandir seu tamanho e sua configuração), implante de expansor ósseo de titânio, descompressão do canal vertebral ou artrodese da coluna (fixação).

Verificamos no Raio-x em “A” o procedimento de vertebroplastia, com a introdução de conteúdo metilmetacrilato. Na tomografia de coluna em “B” observa-se o resultado final.

Para maiores informações, favor consultar as referências bibliográficas abaixo:

Referências

  • Boyd A. Morphologic detail of aging bone in human vertebrae. Endocrine. 2002; 17:5-14. Disponível em Williams Texbook of Endocrinology, 12th edition. Metabolic Bone Disease.
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Aviso: As informações expressas são apenas de caráter informativo. São baseadas em estudos científicos e experiência clínica. Os resultados não são necessariamente presentes em todos os indivíduos. Autotratamento não é recomendado. Para a melhor escolha do tratamento, é fundamental a consulta com o especialista.

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