O formato e o crescimento do crânio da criança intriga pais e cuidadores.
Diversas dúvidas são trazidas pelos pais em consultório acerca do formato e do crescimento do crânio do bebê. Esta sessão se concentra nos aspectos normais do crânio. As anormalidades serão abordadas em outros tópicos.
O crânio da criança é formado por partes ósseas: um osso frontal e occipital, dois ossos parietais e temporais. Unindo essas partes existem as suturas, formadas por tecido fibro-elástico (uma sutura metópica e sagital e duas coronais e lambdóideas, além de outras menores situadas na base do crânio). Existem áreas um pouco mais abertas, denominadas fontanelas (popularmente moleiras), sendo uma anterior (fontanela anterior ou bregmática) uma posterior (fontanela posterior ou lambdoide), duas anterolaterais (esfenoides) e duas posterolaterais (mastoides). Elas fazem parte do desenvolvimento normal dos bebês e juntamente com as suturas entre os ossos, permitem o crescimento do cérebro em harmonia com o crescimento ósseo. Antes mesmo, ao nascimento, as suturas e as fontanelas, sendo flexíveis, facilitam o nascimento, com mínima compressão cerebral.
Aos poucos, as fontanelas e as suturas vão se fechando, fusionando, até a idade adulta, cada uma em um período diferente : Fontanela posterior (pode nascer quase fechada ou fechar entre 1 e 2 meses); Fontanela anterior (entre 9-18 meses); Fontanelas esfenoidais (6 meses) e mastoideas (até os 2 anos); Sutura metópica (3 meses); Suturas coronais (24 anos); Sutura sagital (22 anos) e Suturas lambdóideas (26 anos). A maior parte do formato do crânio do adulto se estabelece até os dois anos de idade, apesar de atingir um tamanho definitivo na segunda década de vida, quando se completam as fusões.
O cérebro apresenta um grande crescimento durante a pequena infância, especialmente no primeiro ano de vida e os ossos do crânio devem acompanhar esse aumento. Por essa razão, alguma anormalidade óssea ou fechamento inadequado das suturas, antes do período correto, pode acarretar sérias consequências de cunho estético do crânio e afetar o desenvolvimento neuropsicomotor. Isso porque com o fechamento precoce de alguma sutura (cranioestenose ou craniossinostose), o crescimento ósseo é dificultado em algum sentido, promovendo anormalidade estética e dificultando o aumento do volume cerebral.
Em caso de alguma suspeita de anormalidade nas suturas ou fontanelas, a criança precisa ser avaliada por especialista, pois através da palpação da fontanela pode-se estimar se há algum indício de hipertensão intracraniana, pela análise do formato do crânio permite-se inferir se alguma sutura está fechada precocemente (crânio-estenose) e através da presença de outros estigmas associados (como diferente posição das orelhas, formato assimétrico do posicionamento dos globos oculares, etc) pode-se inferir possibilidade de síndrome genética. Alguns exames de imagem são utilizados, como RX de crânio, tomografia de crânio com reconstrução 3D ou ressonância de crânio, nos quais se observa o comportamento das suturas e fontanelas.
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Aviso: As informações expressas são apenas de caráter informativo. São baseadas em estudos científicos e experiência clínica. Os resultados não são necessariamente presentes em todos os indivíduos. Autotratamento não é recomendado. Para a melhor escolha do tratamento, é fundamental a consulta com o especialista.